quarta-feira, 25 de maio de 2011

Pobre dos Minêro

   Olá senhoras e senhores, saindo um pouco da fantasia, hoje venho a vocês inspirado por esse espírito engajado que impera ultimamente aqui no Percepções Intimistas.
   Lembro-me da vez em que fui a roça na companhia de meu irmão, minha prima e meus avos maternos visitar meus bisavos (o que era bem raro, pois eu adorava ir a roça, mas quase nunca me levavam). E então em uma dessas visitas paramos no caminho e minha avó parou para conversar com um garoto que hoje me foge o nome. Aparentava ter dezessete anos de idade, bem franzino e de aparência defazada por tanto trabalho duro.
   Naquele dia perguntado se tudo ia bem ele expôs sua realidade e eu bem mais novo do que ele, escutei sem dar muita atenção, a não ser pelas lágrimas apresentadas no final pelo garoto... Meu Deus mas como hoje sinto pena e revolta por ele e por todos que estão nessa situação contraditória, essa situação chamada Brasil, essa situação chamada Mundo.
   Muito bem leitores Intimistas ai vai o poema Pobre dos Minêro, em memória daquele dia.




Cinco hora da manhã que nois levantô
Sô João pegô e falô
Anda logo com esse banho sô
a conde luz já aumentô!

Sô João só reclamava
Cumade cedim já limpava a casa
Era cinco minino pá cria
mais eu de quebra pá sustentá

Tenho dó de cumade
Me levô pá cria quando tinha dois ano de idade
Aqui na roça todo mundo levanta é cedo
Perrengue nois passa é o dia interô

Dependemo da chuva pra sobrevivê
Trabaiamo na lavôra pá ganha mixaria
Tem dia que falta ate o de cumê
Parece ate que seu presidente num vê

Nois tinha luz
Tinha Deus
Tinha terreno
Tinha famía

Si tivesse ó meno um arroz
Pá nois pudê cume com feijão
Garanto que nos tava era mio de situação...

{Guilherme Antônio Rosa Santos}

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