quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Anteros


Abraçaste-me com tua noite inteira,
Ou foram tuas asas?
Teu veludo?
No calor do momento difundi-me por teus braços,
Mesclando-me à tua carne.
Minha mente a estudar teus relevos,
Embriagada em teu torpor violento.
Vi teus olhos, dois pontos,
Duas estrelas a me servir de guia.
Não, duas luas imensas,
Duas musas,
Tornando-me mais poeta
A cada noite que passa.

Mike Rodrigues

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Sala


O seu não estar
Feito pesadelo
Mordisca meu sono
Mastiga meu dorso
Com dentes de aço
E fome de mil
E fome de mim
Seu anticorpo

Sua ausência tem cheiro e tem forma e é incolor
E não tem voz
Não tem cor

(Marcela Lopes)
Coletivo Fórceps - Sabará/MG

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Casca

                                   Foto por: Bianca Isabel de Sá


Se bronzeia e descasca
É a casca
É a casca
A casca é pele.
A pele morena da árvore quando molha negra se torna
A pele molhada da árvore é negra
Não adianta lavar
Tá no tronco
Nos galhos
Tá na pele
Tá na raiz

O coração está de fora
Exposto
Esparso
O coração é pele
É tato que aflora
Que flora
E às vezes fruteia
Amor não dá em foia, em nota
Semeia que brota.


(Bianca Isabel de Sá)
Belo Horizonte - MG

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Como os pássaros, vai e voa minha alma


A minha alma vai,
Voa livre e leve,
Como a águia majestosa no céu.

Vai ao encontro daquele que amo.
Voa livre e solta.
Como os pássaros que estão por ai.

Minha alma que conectada a sua está,
Voa livre e leve ao encontro à sua.
Como os pombos, será que poderão viver?

Vai, minha alma vai.
Voa como os pássaros ao céu.
Conta ao meu amor a verdade.

Sai do chão, solta e leve.
Desprende das mágoas e faltas.
Voa longe, alto, no mais claro céu.

No seu silêncio se desprende.
Às vezes não voa, mas chora,
Por estar com suas asas cortadas.

Seu amor era a liberdade,
Agora cativa está.
E, será pra te amar que ela se libertará.


(Jorge Antônio F. Costa Dias)
Belo Horizonte - MG