terça-feira, 26 de junho de 2012


Sou fruto do ilógico, do irracional, do irreal, do utópico. Sou o bagaço mastigado e atirado ao lixo. Não tenho nenhum respeito pelo sou, pelo que penso e pelo que sinto. Sobrevivo a mim mesma, odiando a cada olhar matinal no espelho embaçado. Quero o escuro do quarto, o agachamento com a cabeça entre os joelhos, a visão vidrada de um viciado quando olha o mundo ao redor. As pessoas, me desculpem, mas não as mereço. Nem seus conselhos e nem mesmo sua pena. Só quero a observância da porta que se fecha, do estilhaço da granada, e da inércia da falta total e definitiva dos sonhos...até que os olhos se fechem, a mente se feche e eu encontre o vácuo ou o fim do labirinto... Que venha o enlouquecimento que nos esvazia de tudo.

(Arut Nev)