Entre a Afonso Pena e o seu sorriso,
Um milk-shake de baunilha.
É tarde, faz calor
E os meus pensamentos chegam a 42 graus.
Uma mulher me atravessa
Um senhor me atravessa
Um travesti me atravessa
Um garoto me atrapalha
O sinal fecha
A rapariga pedindo esmola de minissaia.
Toda aquela gente da sua laia
E eu pensando em Keats, em Miró,
No atraso, no olho da rua, no avião,
Nos seus lábios, num quadro de Klimt,
Nos planos desfeitos, no parapeito,
Naquela carta que você me deixou
Pouco antes de partir
Pra maior cidade da América do Sul.
Cruzando a Bahia,
De ventre aberto,
Uma leve brisa me acariciou o rosto.
O tempo parou naquele momento
Pra ver a banda passar
Fazendo pausas de dor.
Hugo Lima
(Belo Horizonte/MG)
terça-feira, 5 de março de 2013
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
O grito
O meu
grito é infinito
Atravessa
a noite inteira
E pra
muitos ainda inaudível
Pr’aqueles
de almas vazias
De
almas sem sentidos
De alma
sem sentido
Eu sou
o próprio grito
O grito
dos aflitos
Humilhados
e esquecidos
O grito
dos afoitos
Dos
rebeldes e d/reprimidos
O que
tantas vezes fora engolido
Sou o
grito não mais contido
O grito
de loucos
O grito
de parto
O grito
d’orgasmo
O grito
d’independência
Sou o
grito de aviso
O
alarme de incêndio
O despertador dos
adormecidos.Mike Rodrigues
(BH/Viçosa - MG)
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Tempo na praça
Sentado na praça
Daqui eu observo
Uns passam correndo
Outros apenas caminhando
Como se o tempo passasse
De acordo com a velocidade
Que as pessoas passam
Mas não é assim que acontece
Uns passam rápido e ficam
Outros passam devagar e nem se nota
Uns correm com tempo
Outros andam sem tempo
Alguns conversam sozinhos
Outros silenciam juntos
Para uns um tempo passa
Para outros um passatempo
Para o poeta o tempo para
E serve de inspiração
Cristiano Mercídio
(BH - MG)
Daqui eu observo
Uns passam correndo
Outros apenas caminhando
Como se o tempo passasse
De acordo com a velocidade
Que as pessoas passam
Mas não é assim que acontece
Uns passam rápido e ficam
Outros passam devagar e nem se nota
Uns correm com tempo
Outros andam sem tempo
Alguns conversam sozinhos
Outros silenciam juntos
Para uns um tempo passa
Para outros um passatempo
Para o poeta o tempo para
E serve de inspiração
Cristiano Mercídio
(BH - MG)
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Ouçam
Calaram os auto-falantes
O rádio que tocava na estante
O hilariante bêbado na esquina, eles o calaram também
Calaram as famigeradas línguas da América Central
Tentaram calar até o berimbau
Mas com um golpe de capoeira foram jogados no jirau
Calaram os batuques na capital
De que adianta?
Não calaram o vento que assovia desvairado
ao relento
Que canta para os calados, para os drogados, para os estuprados pelo silêncio
Viva a voz do vento!
Do esperançoso vento que entra pelas ventas tirando vida do barro, beleza do escarro
O vento que faz dos corpos instrumentos de sopro
Instrumentos de sonhos.
O rádio que tocava na estante
O hilariante bêbado na esquina, eles o calaram também
Calaram as famigeradas línguas da América Central
Tentaram calar até o berimbau
Mas com um golpe de capoeira foram jogados no jirau
Calaram os batuques na capital
De que adianta?
Não calaram o vento que assovia desvairado
ao relento
Que canta para os calados, para os drogados, para os estuprados pelo silêncio
Viva a voz do vento!
Do esperançoso vento que entra pelas ventas tirando vida do barro, beleza do escarro
O vento que faz dos corpos instrumentos de sopro
Instrumentos de sonhos.
(Michele Costa)
BH- MG
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