terça-feira, 3 de abril de 2012

Monocromático


Depois de toda essa filosofia
E toda ética, pregada às ovelhas
Por seus pastores verborrágicos:

Suspirando meu velho blues
Eu sou só mais um cidadão;
Enquanto todos os outros
Repetem o mesmo refrão

A vida é bela
Em toda a sua feiura;
E do meio do lixo
Exprime seu perfume e doçura.

A queda da cama
É só o primeiro passo;
E é preciso mais empenho
Se o objetivo está além do espaço.

Mastigue as correntes
Entre seus dentes de platina;
O sabor da liberdade
Está além daquela esquina.

No movimento incompleto
De dois corpos que se arrastam;
Os grilhões são muito leves
Pra que percebam quem os usam.

Sinta o frio devastador
Dos corações em tempo de metrônomo
Dentro das salas climatizadas.

Ouça a sinfonia em si bemol
Na marcha fúnebre pelas ruas
Celebrando o início de outra era.

Observe o brilho monocromático
De uma liberdade abortada
Em mil cores de alta definição

(Vitor Hiroshi)
Viçosa - MG

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