segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Regência

Há na beira na noite um homem a se balançar,
como que a beber caliências do beiço de uma mulata.
Há nas ruas, entre vômitos e ratos, ratos mais baixos que os que os são.
Há o caos, a cidade, mas não hão, apenas há.
Há as putas, os padres, há os ônibus e hemos nós,
não, não hemos, apenas há.
Há as danças e as farsas,
as bebidas e os brindes.
Há as crianças e os cachorros,
em pé de igualdade.
Mas não haveis, somente há.
Há somente.
Isso basta para que durmamos
e sonhemos,
enquanto lá fora há,
há um mundo que não haverá.

Mike Rodrigues

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